NOUVELLE WORLD

nas sendas do abismo

lucas haas cordeiro, 2018

bom, cara, então vamos lá.

é... tô em p o r t o a l e g r e agora, ouvi só as suas duas primeiras mensagens ali.

e assim, já tô com vontade de contar um pouco como foi a experiência.

e, bom, né cara.... chegamos na a u s t r á l i a no dia 26, eu fui com um guri que eu conheci em novembro...

como tu disse, né, um guri que eu tinha acabado de conhecer, e essa foi a minha companhia... que eu tinha recentemente conhecido, né.

a gente foi com uma barraca só, e aí os meus amigos de mais longa data...

meu principal amigo desse rolê a gente se conhece desde a época de vicentino, mais ou menos...

melhor, a gente se conhece mesmo desde a primeira série no israelita... mas se conhece de vista, né?

o que é praticamente nada, aquela presença que tu olha e sabe que conhece, mas num é exatamente uma presença.


é... então, a gente foi junto, eu fui com esse guri. chegou lá em m e l b o u r n e ,

em m e l b o u r n e já fomos direto do aeroporto mesmo direto pro n o u v e l l e w o r l d; pegamos um outro avião.

e ali, né, lentamente descobrindo porque aquele lugar se chama n o u v e l l e w o r l d, não é à toa...

chegando lá, cara, a gente chegou umas onze da manhã no n o u v e l l e w o r l d, um calor do capeta...

chegamos lá, fizemos baseado de haxixe, logo perdi meu haxixe também. comecei já perdendo coisas, porque né...

nada mais natural, tu tá carregando quatrocentas milhões de coisas.

e eu comecei já quebrando aquilo que eu, bom... comecei já quebrando o respeito a meu corpo...

carregando malas que nem um camelo pelo sol do deserto (onze da manhã)...

pra andar 2 k-eme, 3 k-eme e meio pra chegar até o camping onde a gente tinha decidido ficar.

e né, comecei já quebrando protocolo que não deveria ter quebrado...


mas enfim, chegamos lá, cara, deitamos nossa barraca num lugar ali, que fizesse um pouco de sombra.

já chegou nossos vizinhos de barraca da r o m ê n i a, oferecendo pra gente mdma, haxixe, bala, pó, o que a gente quisesse...

começamos assim!

“bom dia! cumé que tu tá, somos vizinhos de barraca, meu nome é joão, pá, nossa bandeira ali é tal, que é que tu tá precisando? skunk a $45/g”

não sei o quê, etecétera, etecétera... só que tu imagina, falava que nem gringo, cara de gringo, inglês de gringo;

a gente só flagra mesmo, assim, é o som das droga, as palavra, e aí já compramos dez gramas de skunk e começamos a nossa trip, né.

eu levei daqui basicamente bala e papel... pro teu desespero, que eu sei. rs. mas ok. né, cara, assim começa o n o u v e l l e w o r l d.

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